Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre os fornecedores de bens e serviços no mercado do cibercrime, especialmente no que se refere aos grandes senhores das botnets. No entanto, o papel dos compradores neste mercado é ainda mais importante.

São eles os que fazem os ataques massivos contra os utilizadores e obtêm acesso não autorizado aos dados e recursos dos computadores infectados.

Também são eles os que recebem os maiores lucros, ao roubar dinheiro electrónico e real dos cartões de crédito. Estes delinquentes costumam manter-se isolados e é raro que estejam relacionados com os delinquentes que criam os códigos maliciosos; frequentemente, são estes clientes de serviços ilegais quem tira mais proveito das botnets. As principais categorias de utilizadores de serviços cibercriminosos interessados nas botnets são os chamados carders, os extorsionários e a concorrência desleal.
 Nos últimos anos escrevemos mais de uma vez sobre programas que não são o que parecem. Os exemplos mais representativos desses programas são os pseudo-antivírus que mostram mensagens sobre a detecção de programas nocivos mas que, na realidade, não encontram nem curam nada. A sua missão é completamente diferente: convencer o utilizador da existência de ameaças ao computador (que na realidade não existem) e levá-lo a gastar dinheiro pela activação do “produto antivírus”. Este tipo de programas, segundo a classificação da Kaspersky Lab, chama-se FraudTool e pertence à classe de RiskWare.

Estes programas estão muito divulgados, e a sua fama entre os burlões continua a crescer. Se, na primeira metade do ano de 2008, os especialistas da Kaspersky Lab detectaram mais de três mil antivírus falsos, no mesmo período de 2009 foram mais de 20 mil os detectados.
 Quem já tenha analisado o malware concebido para roubar os dados de clientes da banca online concordará que o Brasil é uma das maiores origens de Trojans bancários.

O Brasil é o maior país da América Latina com uma população de aproximadamente 200 milhões de pessoas. Cerca de um terço da população utiliza a Internet e o seu número cresce constantemente. A estrutura social altamente estratificada do Brasil significa que muitas vezes as pessoas com baixo rendimento são conduzidas para actividades ilegais, incluindo a programação de código malicioso com o intuito de roubar os dados que pertencem aos clientes bancários.

O facto dos sistemas bancários online serem amplamente utilizados no Brasil torna esta actividade ainda mais lucrativa. Por exemplo, o Banco do Brasil tem 7,9 milhões de clientes online, a Bradesco tem 4,2 milhões e a Caixa tem 3,69 milhões. Estes números são suficientemente altos para motivar os criminosos: mesmo que a percentagem de ataques bem sucedidos seja baixa, os lucros podem ser impressionantes. Juntando a isto, o país não possui legislação para combater eficazmente o cibercrime.
 Os smartphones são cada vez mais populares, nomeadamente para acesso à Internet, aos bancos e pagamentos de bens e serviços. O interesse do cibercrime por este segmento é deste modo também crescente. O seu impacto no mundo dos negócios pode também vir a ser considerável.

O malware para dispositivos móveis evoluiu rapidamente nos seus primeiros dois anos de existência, entre 2004 e 2006. Durante este período, apareceu uma ampla gama de programas maliciosos para esta plataforma que se assemelhavam muito ao malware desenvolvido para PC – vírus, worms e Trojans, incluindo-se na última categoria spyware, backdoors e adware.

Esta paisagem de ameaças criou condições que podiam ser usadas para um ataque massivo aos utilizadores de smartphones. Contudo, tal ataque não teve lugar, sobretudo devido à mudança rápida no mercado de dispositivos móveis. Há dois anos, o Symbian era o sistema operativo que liderava esmagadoramente o mercado. Se a situação se tivesse mantido, existiria agora um volume enorme de malware para smartphones Symbian. A Nokia e o seu sistema operativo Symbian perderam a fatia maioritária no mercado dos dispositivos móveis. Actualmente, a Nokia possui 45 por cento do mercado para dispositivos móveis.
 Nos últimos dez anos, as botnets evoluíram de pequenas redes de uma dúzia de computadores controlados por um único Centro de Comando e Controlo para sofisticados sistemas distribuídos englobando milhões de computadores com controlo centralizado. A resposta para existência destas enormes redes zombies resume-se a uma única palavra: dinheiro.

Uma botnet ou rede zombie é composta por computadores infectados com um programa malicioso que permite aos cibercriminosos controlar estas máquinas remotamente sem o conhecimento do utilizador. O incrivelmente baixo custo de manutenção de uma botnet e a diminuição do grau de conhecimento requerido para as gerir estão a fazer crescer exponencialmente o número de botnets.

Existem inúmeras possibilidades para iniciar a construção de uma botnet, dependendo das competências do criminoso. Infelizmente, quem queira empreender uma botnet a partir do zero não terá dificuldade em encontrar instruções na Internet.
 O Windows pode ser omnipresente, mas há uma grande variedade de sistemas operativos alternativos de uso empresarial e doméstico. No entanto, as alternativas não estão tão livres de risco como algumas pessoas possam pensar.

Logo que um novo Trojan é descoberto, haverá uma avalanche de comentários nas publicações online do estilo "Isso nunca teria acontecido com o Linux!" Mas pelo menos 99% das vezes tal não é verdade. De facto, a maioria dos programas maliciosos identificados até hoje (bem mais de 2 milhões) tem como alvo o Windows. O Linux, por outro lado, com apenas 1898 programas maliciosos, parece ser relativamente seguro. E apenas  foram identificados 48 programas maliciosos para o OS X da Apple.

De facto, o fenómeno do malware nasceu bem antes da Microsoft. No início da década de 1970 o vírus creeper revelava-se bastante à frente do seu tempo infectando o sistema operativo  TENEX da DEC através da ARPANET – a precursora da Internet actual.
 Fez recentemente 31 anos que a primeira mensagem de Spam foi enviada.

A três de Maio de 1978, cerca de 400 subscritores da Arpanet, a antecessora da Internet que interconectava sobretudo computadores de universidades, receberam uma mensagem publicitária da Digital, um dos gigantes da indústria da época, que actualmente já nem existe (a Digital foi adquirida pela Compaq, que posteriormente foi comprada pela HP).

Apesar dos administradores da Arpanet não terem visto esta situação com bons olhos, a verdade é que o e-mail em questão obteve uma resposta positiva de alguns dos membros da rede, o que fez com que uma acção isolada se transformasse rapidamente num meio de comunicação publicitária alternativo, passando depois para outros canais, como a Usenet ou a Web.
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