Enquanto alguns expõem completamente a sua vida no Facebook, outros há que rejeitam todos os tipos de redes sociais on-line. A atitude mais correcta, porém, está algures a meio caminho entre ambas. Existem formas de usufruir das “redes sociais” e de manter, em simultâneo, a privacidade e controlo sobre os dados

Imagine, por exemplo, uma viagem de comboio entre Porto e Faro. Uma senhora conta, em voz estridente e muito alta, aos passageiros sentados em frente, pormenores do seu próximo feriado. Revela ainda que, actualmente, vive sozinha na cidade da Amadora e está amargamente desapontada com o ex-marido, que a deixou por uma mulher mais jovem. Este, que exerce a função de “piloto” na Mercedes, é, como resulta óbvio, um perfeito “asno” do ponto de vista social e, pior ainda, completamente negligente com os dois filhos, actualmente a estudar em Munique e Paris. Cenários como este, em que alguém conta a estranhos detalhes pessoais da sua vida, acontecem com frequência. Torna-se perigoso divulgar tais informações em sites de redes sociais, onde permanecem armazenados por longos períodos de tempo, podendo ser analisados e relacionados, de forma automática, com outras informações públicas disponíveis.

170 milhões de registos do Facebook “à mão”
A viabilidade deste tipo de recolha automatizada, e “abusiva”, de dados, foi recentemente demonstrada pelo especialista em segurança Ron Bowes [1]. Bowes usou um programa “caseiro” para digitalizar 500 milhões de perfis do Facebook e guardar as informações de utilizador, publicamente disponíveis, a partir deles. A seguir procedeu à recolha dos dados daí resultantes num ficheiro, disponível como arquivo para download, com cerca de 2,8 GB. O que há de tão especial nisto é o facto de, apesar de Bowes apenas recolher, realmente, dados disponíveis publicamente, ter realizado a proeza de forma automática.

Dica 1: Verifique as configurações de segurança
 Sempre que usar o Facebook, o Twitter ou qualquer outra rede social, deve ter como precaução essencial a verificação das suas configurações de protecção de dados. Para tal, deve ter em mente os seguintes aspectos: quais os dados que serão vistos pelas pessoas que considera “amigos”? Quais os dados disponibilizados de forma totalmente pública (e, assim, podem ser pesquisados através do Google e outros motores de busca similares)? Quais os direitos do operador da rede social? Estas são questões interessantes, muitas das quais apenas podem ser resolvidas com muito esforço. Que, no entanto, valem bem o tempo que levam para ser realizadas. Em consequência, quando se cadastrar numa “rede social”, deve preencher apenas os campos de informação essenciais e seleccionar as configurações-padrão mais conservadoras, sem adicionar, de imediato, uma foto ao perfil, e sem usar o seu nome real. Boa ideia é a de criar um perfil completamente fictício para verificar quanta desta informação é visível. E, como tal, apenas criar um perfil com o seu nome real quando estiver satisfeito com a quantidade de informação disponibilizada.
É importante notar que, dependendo da rede em questão, há também especificidades de protecção de dados a considerar. O Facebook, por exemplo, dá aos amigos dos amigos mais direitos que aos restantes utilizadores. A experiência tem demonstrado, porém, que, em pouco tempo, as pessoas adicionam um grande número de utilizadores à sua lista de amigos. O que significa que, de repente, completos estranhos passam a ter acesso às suas fotos e outros dados.

Dica 2: Cuidado com o que divulga
Não fique, contudo, com a impressão de que as redes sociais são desnecessárias e, por definição, representam o mal. Pelo contrário: o Facebook, e outros sites similares, são instrumentos fantásticos para se manter em contacto com amigos em todo o mundo. Antes de se expor completamente, no entanto, é importante ter em conta que uma conversa descuidada pode constituir um problema tão sério como divulgar fotografias íntimas a cores, vídeos de bebedeiras ou associar-se a grupos duvidosos. Como tal, deve usar de parcimónia com a informação que publica, nunca esquecendo os seus valores e a sua “Netiqueta”. Mesmo considerando que está a interagir “apenas” virtualmente com outros utilizadores, a possibilidade de qualquer eventual abuso está fora de questão. Deve igualmente ponderar quais as funções dos sites destas redes sociais são realmente importantes para si e quais não lhe interessam. Serviços que, por exemplo, publicam de forma automática a sua actual localização em sites de redes sociais, devem ser tratados com prudência. Porquê? A combinação do seu paradeiro actual com outras informações pessoais tornam possível rastreá-lo na sua vida real.

Dica 3: Desmascarar Falsos Amigos
Regra geral os operadores dos sites das redes sociais não confirmam que o proprietário de uma dada conta de utilizador se trata da pessoa que alega ser. Apesar de ser evidente que os perfis dos saudosos Karl Marx e Michael Jackson não são mantidos pelos próprios, pode ser difícil dizer se o Pedro Silva é realmente o seu antigo colega ou alguém fingindo ser ele. Deve, portanto, estar sempre alerta quando alguém no Facebook lhe envia um pedido de amizade. Em média, cada utilizador de Facebook tem 130 amigos na sua lista. É lógico que nem todos podem ser amigos "muito" íntimos [2].

Dica 4: Proteja a sua identidade
 Já existem casos de roubo de identidade em que os criminosos criaram um perfil para os utilizadores e as usaram para chantagear as suas vítimas. Essas pessoas foram obrigadas a pagar determinadas quantias de dinheiro para evitar a destruição da sua reputação on-line. As ameaças incluem, por exemplo, a publicação de fotos comprometedoras. Outra maneira de roubar a identidade de pessoas passa pelo recurso a métodos de phishing para se apoderar das passwords de contas de utilizadores existentes em sites de redes sociais. Nestes casos, mecanismos de protecção, como os da solução de segurança Kaspersky PURE, revelam-se extremamente úteis.

Dica 5: Previna ataques de malware
Pragas como o worm Koobface usam os sites das redes sociais, como o Facebook e o MySpace, para se propagarem, bem como o processo mais tradicional do e-mail. Nestes casos, os utilizadores recebem um convite de um amigo para ver um álbum de fotografias ou para clicar num link a fim de vizualizarem um vídeo "formidável". Clicar no link, porém, não leva a vítima a qualquer álbum de fotos ou vídeo. Em vez disso, o PC desta é infectado com malware. Todos os computadores infectados são então incorporados no que é conhecido como uma botnet - rede de computadores infectados usada para enviar spam ou realizar ataques, controlada por ciber-criminosos. A “imunidade” a este tipo de praga é garantida pela protecção contra malwares actuais, como a que se encontra incorporada no Kaspersky Internet Security 2011, por exemplo.

[1] www.msnbc.msn.com/id/38463013/ns/technology_and_science
[2] www.facebook.com/facebook#!/press/info.php?statistics
{mosgoogle}
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