O nome “Nero Burning ROM” é um jogo de palavras curioso e inteligente: além da óbvia referência ao imperador romano Nero, famoso (segundo a lenda) por ter assistido impassível enquanto Roma ardia em chamas, a sigla "ROM" remete diretamente para "Read-Only Memory", os discos óticos de leitura, como CD-ROM. Esta brincadeira linguística rapidamente tornou o software memorável, ajudando também na sua promoção mundial.
A primeira versão do Nero permitia gravar CDs de dados e áudio com uma facilidade inédita para a época. O programa foi evoluindo, passando a suportar DVDs, discos regraváveis, gravação em múltiplas sessões e, mais tarde, os exigentes discos Blu-ray. Outro fator diferenciador foi o suporte a diferentes sistemas de ficheiros (ISO 9660, Joliet, UDF), bem como a introdução do formato próprio NRG para imagens de disco, alternativa ao popular ISO.
Um dos momentos históricos da sua evolução foi a integração da tecnologia SecurDisc, desenvolvida em parceria com a Toshiba, que permitia adicionar proteção por password e verificação de integridade dos dados — uma funcionalidade inovadora que trouxe uma camada extra de segurança aos discos gravados, num tempo em que as cópias de segurança em CD/DVD eram práticas comuns tanto no mundo doméstico como empresarial.
O Nero Burning ROM também apostou forte na componente de ripagem de áudio, permitindo extrair faixas de CDs de música para formatos como MP3, AAC ou FLAC, integrando ainda bases de dados como o Gracenote para identificação automática de álbuns, artistas e faixas — algo muito valorizado na era pré-streaming. Além disso, o programa suportava tecnologias como LightScribe e LabelFlash para impressão direta nas superfícies dos discos, conferindo um aspeto mais profissional às cópias criadas.
Durante a década de 2000, o Nero foi presença obrigatória em praticamente todos os PCs com gravador de CD ou DVD — muitas vezes incluído gratuitamente com o próprio hardware. A sua popularidade foi tanta que o nome “gravar um CD no Nero” tornou-se expressão comum, independentemente do software usado. No entanto, com o surgimento das pens USB, discos externos e do armazenamento na cloud, a utilização de discos óticos caiu a pique e, com ela, a relevância do Nero Burning ROM no dia-a-dia dos utilizadores.
Ainda assim, a Nero AG continua a disponibilizar versões modernas do Nero Burning ROM, adaptadas a profissionais que precisam de soluções robustas para arquivamento ou criação de discos multimédia, integrando encriptação AES-256 e suporte para novos formatos. O programa mantém-se como um dos poucos sobreviventes comerciais de uma era tecnológica que marcou várias gerações de utilizadores de computador.
O Nero Burning ROM é, sem dúvida, um dos gigantes históricos do software de gravação. Para muitos entusiastas da informática, ouvir o nome “Nero” é regressar a um tempo em que gravar um CD com as músicas favoritas ou criar uma compilação de dados era um verdadeiro ritual tecnológico. Uma peça que merece, sem sombra de dúvida, lugar de destaque no nosso Baú do Software.