Logo ao entrar no jogo, sentimos a imponência da paisagem. As dunas estendem-se até onde a vista alcança, entre desfiladeiros e formações rochosas que proporcionam um sentido de verticalidade raro no género. O design gráfico de Dune: Awakening é marcante: as texturas da areia e das rochas, o brilho impiedoso do sol, os efeitos das tempestades de areia e as sombras projetadas nos desfiladeiros criam uma sensação autêntica de solidão e perigo. A modelação das personagens e veículos segue uma linha realista, mantendo o estilo reconhecível da saga Dune, com destaque para os stillsuits e ornithopters, que saltam do ecrã com grande fidelidade.
Em termos de jogabilidade, Dune: Awakening oferece uma mistura entre construção, exploração, combate e sobrevivência. No início, o jogo exige que o jogador construa abrigos básicos, recolha materiais como granito e vá montando as bases da sua sobrevivência. O ritmo inicial é lento, com um tutorial que por vezes parece demasiado prolongado, mas necessário para aprender a lidar com os perigos do planeta. O movimento pelo deserto, sempre sob ameaça dos vermes que detetam sons rítmicos, obriga o jogador a escolher entre atravessar rapidamente arriscando ser devorado ou avançar lentamente para tentar passar despercebido. A construção de veículos como a sandbike marca um ponto de viragem, oferecendo maior liberdade e reduzindo o stress das travessias.
O combate, no entanto, deixa algo a desejar. A presença dos escudos Holtzmann nos inimigos obriga a um estilo de luta menos dinâmico, com ataques lentos e trocas constantes de armas entre combate corpo a corpo e armas de fogo, o que torna os confrontos pouco empolgantes. A inteligência artificial dos inimigos também não impressiona, e muitas missões de eliminação acabam por ser pouco memoráveis. Ainda assim, a escala do mundo e a sensação de perigo constante conseguem manter o jogador investido na exploração.
À medida que se progride, o ciclo de recolher, refinar e construir torna-se mais envolvente, e a complexidade das receitas e materiais necessários, embora por vezes excessiva, desafia o jogador a planear e a otimizar recursos. A dimensão política do jogo, presente sobretudo no Deep Desert, adiciona uma camada interessante, com a possibilidade de servir uma Casa e influenciar o destino do mundo através de decretos escolhidos pelas guildas dominantes. O ambiente dinâmico, com tempestades que reformulam o mapa e destroem construções, impede que o jogo se torne estático e obriga a uma adaptação constante.
A banda sonora é um dos elementos que mais contribui para a imersão. As composições têm um tom épico e melancólico, alternando entre momentos de tensão e tranquilidade aparente. Os temas são discretos quando estamos a explorar, deixando o vento e o som da areia dominarem, mas crescem em intensidade em momentos de perigo, como durante os encontros com Sardaukar ou na aproximação de um verme da areia. O trabalho sonoro no geral, incluindo os efeitos ambientais, é notável e ajuda a reforçar o sentimento de isolamento em Arrakis.
Conclusão
Dune: Awakening é, em suma, uma experiência que oscila entre momentos de grande charme e frustração. O detalhe gráfico, a atmosfera sonora e a escala do mundo são impressionantes, mas o ritmo pausado, o combate pouco inspirado e a sensação de progressão artificialmente lenta podem afastar os jogadores que não sejam fãs incondicionais do universo Dune. Para os que procuram um MMO de sobrevivência diferente, com um ambiente verdadeiramente hostil e envolvente, Dune: Awakening oferece algo único, mesmo que nem sempre atinja o seu potencial máximo.
