Quando em 1993, a Electronic Arts lançou o primeiro titulo da franquia FIFA, estaria certamente longe de imaginar que este poderia ser um dos títulos que anualmente mais dinheiro dá à empresa Canadiana. Ao longo dos anos, o jogo tem sofrido inúmeros ajustes e melhorias que rapidamente o tornaram como o melhor simulador de futebol existente no mercado. De ano para ano se notam otimizações que tornam o futebol virtual oferecido nesta linha de FIFA cada vez mais próximo do futebol real.

Este ano, a Electronic Arts, prometeu “romper” com o passado e com o “obsoleto” motor de jogo e decidiu integrar o motor Frostbite, um engenho gráfico que já está presente noutros títulos da empresa como é o caso de Battlefield ou Need for Speed. Além desta novidade, a empresa voltou a inovar e adicionou um novo modo de jogo que chamou de “A Caminhada”.


Ao longo de vários dias, o staff da PC Gaming teve de se “agarrar ao comando" para perceber o que de novo é apresentado por FIFA 17.


Jogabilidade

Embora as maiores vantagens da passagem do motor de jogo Ignite para o Frostbite se notem nos recursos gráficos de FIFA 17, a jogabilidade também beneficiou com a mudança, começando pela forma dos jogadores se moverem e pensarem, ou interagirem fisicamente com os seus adversários.

Se FIFA 16 já representava uma evolução substancial no que vinha a ser feito com as edições anteriores, FIFA 17 eleva ainda mais a fasquia oferecendo-nos um novo nível de jogabilidade.  Obviamente, estas alterações obrigam-nos a uma nova adaptação aos movimentos e reações dos jogadores, embora as mecânicas de jogo sejam muito semelhantes às das edições anteriores.

Quando começámos a jogar (ainda na demo), notámos imediatamente uma grande evolução nos movimentos dos jogadores, que são agora muito mais fluidos e assertivos. Os atributos dos jogadores, que já eram importantes em FIFA 16, ganham uma nova vida em FIFA 17, e são muitas vezes determinantes na execução de jogadas de “belo efeito”, embora se ajustem aos atributos de cada jogador.

Algo que foi totalmente recriado para FIFA 17, foi a execução de bolas paradas. Mais difícil de dominar, principalmente na marcação dos pontapés de canto e penaltis, este novo sistema torna o jogo menos previsível, pois dificilmente conseguimos meter a bola duas vezes no mesmo sitio. Também os lançamentos laterais sofreram alguns ajustes, sendo agora permitido correr com a bola para ganhar alguns metros, ou simular o lançamento para tentar enganar o adversário. Outra novidade tem a ver com os remates, que agora também podem sair fortes, mas rasteiros.

Por último, mas não menos importante, a inteligência artificial aplicada em FIFA 17, ou "Sistema de Inteligência Ativo", veio tornar os jogadores ainda mais autónomos, antecipando com maior rigor cada jogada.

youtube.com/watch?v=yYjD78X1d9Q

Modos de jogo

Nos modos de jogo, a grande novidade de FIFA 17 é "A Caminhada". Apesar de não ser inédito em jogos de desporto, este modo acrescenta algo que nunca tivémos num jogo de futebol: a possibilidade de viver o inicio de carreira de um jovem jogador a quem foi dada a oportunidade de jogar num clube da Premier League. Esse jovem é Alex Hunter que, a par de Marco Reus, é uma das imagens de marca deste novo FIFA.

"A Caminhada" é assim um modo baseado na história de um jogador ficticio, mas que poderia ser a de muitos jogadores que sonham jogar no principal escalão do futebol inglês. Este modo combina uma série recursos e mecânicas de  jogo. Entre elas temos os jogos de habilidade que servem para evoluir os atributos de Hunter e definir a sua convocatória para a próxima partida, a possibilidade de controlar apenas Hunter durante a partida, ou então controlar a equipa toda na mesma situação. Durante uma partida, todas as ações de Hunter são avaliadas de 0 a 10. Se após um bom passe, assistência ou marcação de golo vemos a classificação a subir, um mau passe ou um carga equivalem à subtração de pontos. Existem ainda alguns objetivos definidos pelo treinador, que devem ser realizados (não obrigatoriamente) para garantir um lugar no onze.

Entre as partidas assistimos a uma série de eventos em torno da vida particular de Alex Hunter, que acabam por adicionar uma dose emocional a um género de jogo que, habitualmente, é focado apenas na competição.

youtube.com/watch?v=P9LHzVEPodg

De regresso está um dos nossos modos favoritos, o FIFA Ultimate Team (FUT). Para quem não jogou as anteriores edições de FIFA, o FUT é um modo que nos permite criar a nossa própria equipa com jogadores que nos saem em pacotes de cromos de três níveis: ouro, prata e bronze. Nestes pacotes existem ainda cromos de treinadores e staff técnico, estádios, bolas, equipamentos e emblemas das equipas, e ainda várias cartas que nos permitem expandir os contratos dos jogadores, recuperar de lesões, melhorar atributos, etc. Podemos ainda comprar e vender cada umas destas cartas através do mercado de transferências.

O modo FIFA Ultimate Team não mudou muito em relação à edição anterior, mas ganhou um novo ponto de interesse, os "Desafios de Criação de Plantel". Disponível no Companion, a aplicação para dispositivos móveis do FUT, e no próprio jogo, este modo dá-nos a possibilidade de completar um conjunto de desafios temáticos especiais, tais como equipas compostas por jogadores da mesma nação ou liga. Ao completarmos os plantéis, os ganhamos recompensas no jogo, com novos desafios a serem adicionados ao longo da temporada.

Outra novidade é o FUT Champions, um "sub-modo" onde podemos competir por uma oportunidade de sermos qualificados para a Liga de Fim-de-Semana, assim como para as Monthly Leaderboards. Posições mais elevadas traduzem-se em recompensas de jogo maiores, e os jogadores elegíveis que se conseguirem manter no topo de forma consistente poderão ter a oportunidade de competir no FIFA Interactive World Cup e na EA SPORTS FIFA 17 Ultimate Team Championship Series.

De resto, mantêm-se as Temporadas (online e single-player), onde jogamos com a nossa equipa desde a Divisão 10 à Divisão 1 em várias ligas com condições particulares, as Temporada Amigáveis que nos permitem desafiar os nossos amigos e comparar as nossas estatísticas com a deles, os Torneios (online e single-player) que são sempre uma boa forma de amealhar algumas moedas, e "Concept Squads" onde podemos ensaiar equipas e o entrosamento entre os jogadores, mesmo antes de os comprarmos.

Depois de se estrear no FIFA 16, tendo sido bastante aclamado pelos fãs, o FUT Draft regressa para mais uma temporada. Neste modo, começamos por escolher um esquema tático, e depois um de 5 jogadores que nos calham à sorte para cada posição, sendo que o primeiro será o capitão da equipa. Sendo esta uma extensão do modo FUT, o objetivo é reunir um grupo equilibrado de jogadores com química entre si (mesma nacionalidade, mesma equipa, mesma liga, etc). Depois, "pegamos" na equipa e vamos jogar contra um adversário que nos calha à sorte. Em caso de sucesso, as recompensas são boas, mas ficam ainda melhores se conseguirmos alcançar 4 vitórias seguidas.

Modo de Carreira de FIFA 17 é muito semelhante ao que encontrámos na edição anterior. Essencialmente, temos a oportunidade de lançar uma carreira como treinador ou como futebolista que, quando arrumar as botas, pode também eles iniciar uma carreira de treinador. Na segunda opção, temos a oportunidade de escolher o clube onde queremos jogar, criar um novo jogador de raiz com diferentes atributos técnicos e físicos, ou assumir o papel de um jogador que já existe.

Entre as duas preferimos a carreira de treinador, onde voltamos a encontrar os torneios de pré-temporada introduzidos no ano passado, e algumas novidades relacionadas com os objetivos definidos pela direção do clube.

De resto, encontramos um sistema de transferências e de negociação de contratos com uma mecânica semelhante à de FIFA 16, temos os olheiros que nos recomendam jogadores de diferentes zonas do mundo de acordo com o nosso critério, as camadas jovens onde aparecem os futuros talentos, a possibilidade de preparar diferentes formações/esquemas táticos e atribuir papeis individuais aos jogadores, e as seleções nacionais que nos oferecem um papel de selecionador quando começamos a dar nas vistas.

Depois de ter destacado em FIFA 16 o futebol feminino como uma das grandes novidades do jogo, a EA SPORTS pouco fez melhorar esta experiência. O futebol feminino em FIFA 17 resume-se ao Torneio de Futebol Feminino, onde temos a oportunidade de escolher uma das seleções feminina presentes no jogo e onde o objetivo passa por levá-la à vitória final no torneio. Continua a ser manifestamente pouco, mas sempre dá para ter alguma diversão numa experiência um pouco diferente da que encontramos no futebol masculino.

Embora existam outras experiências e modos de jogo disponíveis em FIFA 17, como os Jogos de Habilidade onde podemos aprender ou melhorar a nossa forma de jogar, o Match Day ao Vivo onde vemos noticias e estatísticas do nosso clube da vida real, ou as Temporadas e Amigáveis Online, foi no modo "A Caminhada" que passámos as primeiras horas do jogo, e será no FIFA Ultimate Team e no modo de Carreira que vamos gastar, daqui para a frente, grande parte das nossas energias.



Gráficos e Som

Depois de ter chegado as consolas de nova geração e ter dado um enorme salto a nível gráfico, a serie FIFA ganha nesta nova edição uma nova vida com a passagem para o motor gráfico Frostbite.

O que parecia difícil de superar na edição anterior, surge em FIFA 17 com mais qualidade, quer seja ao nível das animações, quer da recriação de estádios, futebolistas e cinemáticos muito mais rápidos e fluidos que tiram partido desta tecnologia da EA, aproximando ainda mais a simulação do futebol real.

Mas não foi só dentro do terreno de jogo que a EA mexeu, e inovou em FIFA 17, e também aqui a Electronic Arts está de parabéns, sendo que a grande novidade está mesmo no décimo segundo jogador, ou seja, no publico que assiste ao espetáculo desportivo. Em FIFA 17, nas bancadas, passa a ser possível ver os adeptos mais ativos e reativos ao que se passa em campo, apresentado agora movimentos menos repetitivos e individualizados.

As principais ligas internacionais estão, mais uma vez, presentes e também aqui temos a destacar a recriação quase perfeitas dos principais jogadores de classe mundial, destacando-se as formações do campeonato inglês (nomeadamente os “gigantes” daquele país) e do campeonato espanhol, com principal incidência no Real Madrid e Barcelona.

Em relação aos estádios, alguns dos palcos do futebol inglês (recorde-se que a EA tem a licença de utilização de tudo o que está relacionado com este campeonato), estão fielmente reproduzidos, porém, e ao contrario do que acontece com as principais equipas do campeonato espanhol, estádios emblemáticos de “nuestros hermanos” não estão presentes como é caso de Nou Camp (que foi “roubado” para o PES 2017) e do Vincent Calderon.

Em termos sonoros, mais uma vez, a Electronic Arts fez um trabalho brilhante e, se por ventura o jogador “abraçar” o desafio de treinar ou jogar num dos principais clubes ingleses, como por exemplo, o Liverpool, vai ser possível ouvir os cânticos únicos dos adeptos que, em determinadas alturas, chegam mesmo a cantar o mítico “You Never Walk Alone”.

Na banda sonora, a EA adicionou mais de 50 temas ao jogo e que permite ao jogador entreter-se quando não está em campo, mantendo uma mistura de culturas e ritmos.
Um dos pontos fortes do titulo são os comentários que, mais uma vez, ficam a cargo dos emblemáticos Martin Tyler e Alan Smith que, este ano, tiveram de acrescentar novas frases para, por exemplo, detalhar o que se passa em campo com o Hunter e na sua “Caminhada” em direção ao estrelato.

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Conclusão

Apesar de ter mudado o motor de jogo de FIFA do Ignite para o Frostbite, o que, quanto a nós, foi uma decisão mais do que acertada, a EA SPORTS manteve a essência do seu simulador de futebol, melhorando alguns aspetos fundamentais, como as movimentações dos jogadores em campo.

A juntar a isso, a introdução de um modo de história (A Caminhada) acrescentou um lado emocional que não estávamos habituados a ver num simulador de futebol. Depois, temos modos de jogo que nos oferecem cada vez mais experiências que serão, com certeza, suficientes para nos entreter durante mais uma temporada, até à chegada do próximo FIFA.

Sem duvida que FIFA 17 está mesmo repleto de pontos positivos, infelizmente, temos a destacar que, apesar dos menus e todo o texto estar em português, os comentários ainda não estarem presentes na língua de Camões, algo que pensamos que poderia ser disponibilizado pela EA nem que fosse como um Add-On opcional, fica aqui a nossa dica.

FIFA 17 está disponível em toda a sua plenitude em consolas Xbox One, PlayStationt 4 e PC, sendo que as “old gen” como a Xbox 360 e PlayStation 3 ficaram privadas do modo de jogo “A Caminhada”, algo que pode influenciar os fãs do jogo a terem, mais tarde ou mais cedo, a terem de atualizar a sua plataforma favorita de jogo.

 

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Ler 4987 vezes Modificado em Out. 22, 2016
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